nossa história

De acordo com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e o Núcleo de Documentação Histórica e Grupo de Educação Tutorial (PET-História) de Três Lagoas, a história do município começou com a vinda dos sertanejos do Triângulo Mineiro.

Por volta de 1828, Joaquim Francisco Lopes iniciou a exploração da região com uma expedição composta de 11 pessoas, organizada em Monte Alto, onde estavam os irmãos José Garcia Leal e Januário Garcia Leal.

Junto desses sertanejos, vieram outros mineiros, paulistas e goianos. Dessa forma, na metade do século XIX grande parte das terras já estava delimitada pelo domínio dos Garcia, dos Lopes, Barbosa, Souza e Pereira. As famílias desses sertanistas eram numerosas e contribuíram para a apropriação de terras.

Na década de 80, Protázio Garcia Leal, Antônio Trajano dos Santos e Luís Correia Neves Filho se fixaram na região com a criação de gado e atraíram comerciantes e peões. Eles se fixaram em três regiões do município trêslagoense, sendo o norte do rio Sucuriú, na região do Ribeirão Beltrão; o centro e atual perímetro urbano, na área das três lagoas e o sul, na área do Rio Verde.

Em 1909, um grupo de engenheiros instalou um acampamento às margens da Lagoa Maior. Em 1911, o acampamento motivou a edificação de inúmeras moradias, criando um novo povoado. O povoado foi elevado a distrito pela Lei nº656, de 12 de junho de 1914,pertencente a Santana do Paranaíba. A Lei Estadual nº 706, de 15 de junho de 1915 cria a Vila de Três Lagoas, ainda parte de Paranaíba, mas emancipada politicamente.

 

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PECUÁRIA, FERROVIA E HIDRELÉTRICA

Desde o início, Três Lagoas teve a pecuária como principal atividade desenvolvida pelos sertanejos fundadores do local. Em 1910, a criação bovina iniciou seu auge,quando as portas se abriram para a exportação para diversos países. A partir de outubro de 2005, a pecuária do município passou a sofrer barreiras sanitárias internacionais devido a descoberta de focos de aftosa no extremo oeste do estado. 

Além disso, o grupo Margen fechou todos os frigoríficos em Mato Grosso do Sul devido a uma dívida de R$ 78,7 milhões apenas no frigorifico de Três Lagoas.

Com a expansão da economia paulista durante o período de 1889 e 1930, a malha ferroviária de São Paulo precisava se expandir para possibilitar o escoamento do café e, utilizando de empréstimos, passou a investir em sua infra-estrutura, beneficiando estados vizinhos.

A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil surgiu como possibilidade lucrativa de ligar o Porto de Santos, no Oceano Atlântico, ao Oceano Pacífico, passando pelo centro do estado de são Paulo, sul de Mato Grosso,Bolívia e Chile.

A Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias (Jupiá), foi finalizada no ano de 1974, sendo na época, a maior usina hidrelétrica do Brasil. Hoje, é considerada a terceira maior usina hidrelétrica do Brasil. Devido a sua posição estratégica e proximidade a fonte de energia elétrica foram motivos para que Três Lagoas fosse considerada área de segurança nacional durante a ditadura militar.

INDUSTRIALIZAÇÃO 

Três Lagoas corresponde, atualmente, a 50% da exportação industrial de Mato Grosso do Sul, sendo os principais itens a celulose e o farelo de soja. O município também apresenta crescimento em importação, tendo como principais produtos de consumo industrial os materiais têxteis, cereais e siderurgia. Com cerca de 3 mil empresas instaladas e 54 indústrias de grande e médio porte.

Apesar de ser considerada a capital mundial da celulose, Três Lagoas têm, em seu Distrito Industrial a maior fábrica brasileira de refrigeradores e deve ter, em breve, a maior indústria da América Latina de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3) da Petrobras.

TRADIÇÕES CULTURAIS

Todas as fases do desenvolvimento são marcadas por tradições culturais, como o Negrinho Aleijado da capela Santo Antônio, Cemitério do soldado, Folia de Reis e personagens da história do cotidiano como bandido Camisa de Couro.

Negrinho Aleijado
Conta-se que um homem negro, que não tinha uma das mãos, era responsável por tocar o sino da Capela Santo Antônio, até que um dia ele foi morto por criminosos. A causa da morte é desconhecida. Revoltados, populares foram atrás de quem o matou para lhe tirar a vida também, porém, o Negrinho Aleijado teria aparecido, em forma de espírito, e pedido para que não o matasse, pois não seria a melhor forma de vingar sua morte, alias, a morte dele não deveria ser vingada, conforme disse o espírito.

Na verdade, a história foi contada por meio de uma música sertaneja muito ouvida no município anos atrás, composta por Teddy Vieira e Luizinho e gravada por vários cantores, entre eles Tião Carreiro e Pardinho. A história é uma lenda e nunca teria existido, porém, tem três-lagoense que jura que já viu o Negrinho Aleijado tocar o sino da igreja.

O Bandido da Camisa de Couro
Antônio Aragão, conhecido como o bandido da camisa de couro, por usar a roupa com frequência, foi um pistoleiro sergipano que morava em Santa Fé do Sul com a família e mantinha vínculo com Três Lagoas por conta da sua “profissão”.

Ele teria se envolvido em inúmeros crimes, sendo a maioria motivada por ciúmes ou por briga por terras. Populares garantem que ele matou importantes políticos de Três Lagoas, porém, a história não é confirmada por historiadores da cidade.

Camisa de Couro morreu em 1.961, em frente ao prédio da antiga Prefeitura. Ele foi alvejado e acredita-se que foi vítima de queima de arquivo, porém, a causa da morte nunca foi descoberta.

Enterrado no Cemitério Municipal de Três Lagoas, o túmulo do Camisa de Couro é visitado com frequência por moradores antigos da cidade. Eles deixam velas e flores e acreditam que precisam honrar o pistoleiro que fazia justiça com as próprias mãos para defender aqueles, que por algum motivo, eram prejudicados por alguém.

Cemitério do Soldado
Agosto de 1924, rebelião, guerra. Época foi marcada pela Revolta Paulista, também conhecida como “Revolução Esquecida”. Deflagrada em São Paulo, rebeldes de quartéis – tenentes e soldados - lutavam contra o governo na intenção de modificar o restrito cenário político daquela época.

Porém, os soldados não tinham mais condições – armas, munições – de lutar contra o governo, foi quando cerca de 3 mil deles resolveram fugir para Bauru, por meio da estrada de ferro. Na cidade do interior paulista, eles souberam que o exército legalista se concentrava em Três Lagoas e partiram para o município então do Mato Grosso.

Ao chegar à cidade eles foram surpreendidos por tropas do governo na região do Horto da Moeda, onde hoje funciona a fábrica de celulose Fibria, muitos morreram e José Carvalho de Lima, um dos soldados, ficou ferido. Ele caminhou longos metros e foi encontrado morto. Alguém o enterrou e possivelmente ficou com seus documentos, que jamais foram encontrados. No local onde foi sepultado deixaram seu nome e por motivos desconhecidos a população daquela época passou a oferecer oferendas ao soldadinho, como era conhecido, acreditando que ele era santo e realizava milagres.

Não muito longe, no final da década de 90 e inicio de 2000, centenas de pessoas deixavam muletas, cadeiras de rodas no local acreditando que ele havia os curados. A prática se aplica até os dias de hoje, porém, mais sucintamente, o mais comum é ver flores no túmulo do soldado. O local foi reformado em homenagem aqueles que acreditam que ele é santo.

Conteúdo original em: Correio do Estado

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