
O transporte escolar mantido pelo Governo do Estado no município de Três Lagoas está um verdadeiro caos e pode acarretar enormes prejuízos ao aprendizado de aproximadamente 250 alunos da rede estadual de ensino. A denúncia é do diretor do Departamento de Infra-estrutura da prefeitura, Jurandir da Cunha Viana Júnior, o Nuna. Segundo ele, são constantes as reclamações de pais de alunos e proprietários rurais que, sem ter a quem recorrer, acabam procurando a prefeitura para reclamar da situação. Quem não conhece a realidade, pensa que a culpa é nossa, desabafa.
A mais recente reclamação veio do pecuarista Hilário Pistori que, preocupado com as dezenas de crianças que estão sendo prejudicadas, veio atrás de uma solução para o problema. De acordo com Nuna, Pistori já criou até um formulário para controlar os dias em que os ônibus estão rodando. Desde o início do atual ano letivo – 20 de fevereiro, sete dos oito carros responsáveis por essas linhas, circularam apenas cinco dias. A argumentação dos motoristas é que as estradas estão ruins, mas Nuna diz que esta justificativa é absurda, uma vez que os 16 ônibus do município estão trabalhando normalmente. Ele fez questão de percorrer as linhas e constatou que todas estão em condições de tráfego.
Na última quinta-feira (23), nem um dos ônibus do Estado saiu da garagem. Desta vez, o impedimento foi a falta de combustível.
Nuna diz que o problema é antigo, mas que este ano se agravou ainda mais. Para tentar contornar a situação, no final do ano passado, após forte pressão de pais de alunos e pecuaristas, o coordenador de programas de apoio da Secretaria de Estado da Educação, Ezerral Bueno de Souza, decidiu trocar a empresa responsável pelo transporte, que era da cidade de Bataguassu. Entretanto, segundo Nuna, a nova empresa da cidade de Rio Brilhante, está realizando um serviço ainda pior. Perto desta empresa que aí está, o serviço da anterior era excelente, ironiza o diretor, que diz não encontrar adjetivos para classificar a qualidade dos serviços prestados.
Quebra de acordo
As oito linhas de responsabilidade do Governo do Estado: São Marcos, Piaba, Jaraguá, Serraria, Pombo, Garcia, Bandeirantes e Três Lagoas. Esta última é a única que não apresenta problemas. Trata-se de linhas puras, para o transporte exclusivo de alunos para escolas estaduais.
Há ainda duas linhas mistas que antes também eram mantidas pelo Estado, mas que em 2005 foram transferidas para o município, com o compromisso de o Governo arcar com o combustível. Entretanto, a prefeitura acabou tendo de assumir praticamente sozinha o compromisso, uma vez que a Secretaria Estadual de Educação depositou cerca de 30% apenas do valor acordado no convênio. Esse calote, segundo Nuna, causou prejuízo de quase100 mil reais aos cofres da municipalidade.
Para não deixar nenhum aluno fora da sala de aula, conforme determinação da prefeita Simone Tebet (PMDB), mesmo diante das enormes dificuldades por conta desta quebra de acordo, diariamente a prefeitura transporta cerca de 150 crianças para escolas estaduais e municipais das cidades de Água Clara e Inocência destacou Nuna. Esses alunos são estudantes que residem em propriedades rurais que ficam muito mais próximas destes municípios, que de Três Lagoas. De acordo com o diretor da secretaria de Edução, esse problema não deve perdurar por muito tempo, já que brevemente a prefeita planeja anunciar a construção de novas escolas para atender a zona rural, somando-se à que já está em fase de conclusão no Distrito de Garcia.
Vistoria
Estas reclamações têm chegado também à Promotoria Pública que, por conta disto, solicitou uma vistoria em toda frota de transporte escolar de Três Lagoas, incluindo os 16 ônibus da frota da prefeitura composta de carros próprios e terceirizados -, os do Governo do Estado e os veículos particulares. A vistoria, a ser realizada pelo Detran, será no próximo dia 1º de abril. Nuna lembra que em todas as vistorias anteriores, a frota do município sempre teve 100% de aprovação.
Assessoria de Comunicação